o que não vaza é pele

escrevo com letra minúscula. costumo fazer assim. minhas frases são pequenas como somos todos. minha voz é potente e ocupa lugar no espaço. todos temos voz. juntos, pequenos, somos muito, muito grandes.

tenho lido TODAS as mensagens, emails, matérias... isso me conforta, me emociona e me dá força. tento responder aqui e descrever o que aconteceu em blumenau.


o convite
estive presente na 24ª edição do festival internacional de teatro universitário a convite da professora pita belli. junto com meus sócios elaboramos 4 ações do feto - festival estudantil de teatro e uma ação do aporta - encontro estudantil de artes cênicas.minha chegada na cidade foi no dia 12 de julho de 2011, às 2:00 da manhã.


acontecimento
no dia 12, após assistirmos o espetáculo “trajetória \”x”\”,  do grupo chia, liiaa! [direção fernando villar - unb - brasília/df], nós da equipe da no ato cultural fomos jantar na companhia da professora ana fabrício [faculdade de arte do paraná - fap - curitiba/pr] e por coincidência um dos assuntos foi a porcentagem de negros no sul do país e o trabalho feito por ela na coordenação pedagógica do festival do teatro brasileiro, no mês de junho.


mais tarde, voltamos eu, byron o’neil e rodrigo soares ao ponto de encontro do fitub, que acontecia no foyer do teatro carlos gomes, para buscarmos a filmadora que havia ficado no escritório do festival. algumas pessoas, dentre elas o professor naciso telles [universidade federal de uberlândia]. ficamos conversando sobre participação em redes de teatro, política pública cultural, ações do movimento nova cena e parcerias para o ano corrente.


o ponto de encontro encerrou suas atividades e cerca de 60 pessoas se dirigiram, após sugestão do organizador do bar do ponto de encontro, ao posto hass [localizado à rua são paulo, próximo à prefeitura]. o intuito foi continuar as conversas sobre teatro, ensino das artes, intercâmbio e festivais antes de retornarmos ao hotel. era por volta de 3:20h do dia 13 de julho. chegando no posto, ficamos longe das bombas de combustível e ordenadamente, quem tinha necessidade, adentrava a loja de conveniência para adquirir o que fosse de seu desejo.


realmente acredito que 60 pessoas, mesmo sussurrando, causem barulho, porém, não havia balbúrdia. não tínhamos instrumentos musicais, nem equipamentos de som. o objetivo era a troca de informações e vivências.


às 3:40h chegou uma viatura da polícia militar no posto. a viatura estacionou de modo a obstruir a visão daqueles que se localizavam dentro da loja de conveniência. os policiais abordaram estas pessoas dizendo “saiam daqui bando de vagabundos” entre outras frases que não me recordo. como atuo em em belo horizonte com movimentos populares buscando a ocupação humanizada da cidade e por fazer parte de uma família de militares vi que aquilo não era o correto e indaguei que a forma estava errada, mas mesmo assim, com ajuda de outras pessoas, fomos conversando com os convivas daquele momento afim de voltar para o hotel. meu sócio, rodrigo soares, se aproximou e perguntou se estava tudo bem, eu disse que sim e ele, acompanhado por byron o’neill, foram até o interior da loja de conveniência para comprar cigarros e cerveja para irmos embora. enquanto as pessoas se afastavam, me assentei no meio fio da parte externa do posto para aguardá-los. ouvi um grito: “VAZA NEGÃO!”. olhei para trás e constatei que o brado era comigo. vendo que um dos dois policias se dirigia a mim, levantei para explicar que eu estava aguardando meus amigos. após minha resposta ouvi: “AQUI NÃO É O SEU LUGAR! vaza negão!”. após esta frase levei um TAPA na orelha direita. ouvi um forte estampido e disse: “o que é isso!? você me machucou!”. ele: “sai daqui! aqui não é seu lugar!” ainda me atingindo com SOCOS e CHUTES. continuei dizendo: “está errado. você não pode fazer isto! esta não é a abordagem correta! estou esperando meus amigos que estão na loja de conveniência!”. mesmo assim os socos e chutes continuaram.


de repente, o segundo policial gritou de onde estava, mais afastado: “o que você está fazendo aqui?” e se dirigiu até onde tudo estava acontecendo. inocentemente, acreditei que ele ia reconhecer a ação absurda de seu colega de corporação. inocentemente... eu disse: “estou esperando meus amigos”. o segundo policial: “aqui não é seu lugar, negão! sai fora! vaza!”. ele deu meia volta, foi até a viatura, pegou uma ESCOPETA, se dirigiu a mim e desferiu VÁRIOS GOLPES no peito. eu continuava dizendo que eles estavam errados, que aquela não era a abordagem correta. procurei a identificação dos policiais, aquela que fica no peito, fixada com velcro, do lado do coração. vi que não estava ali e disse: “vocês estão sem identificação! isto está errado!”. talvez isso fez com que a fúria gratuita aumentasse... fui atingido mais e mais. quando percebi que podia ser espancado até a morte ali, de pé, dei as costas e saí ANDANDO, quando a parte posterior do meu corpo se tornou alvo.


me aproximei das pessoas assustadas que observavam [artistas locais, artistas do restante do país, estudantes universitários da argentina, do uruguai entre outras pessoas] e disse: “é isso!? vamos deixar isto acontecer? vocês acham que eles estão certos?” mas estávamos todos atordoados com tamanha selvageria.


meus dois sócios/amigos saíram da loja sem perceber o que havia acontecido. indagaram os policiais pela forma da primeira abordagem. para minha surpresa, os representantes da justiça não tiveram a mesma reação que tiveram comigo. de longe, pedi para um deles identificar os policiais. o rodrigo se aproximou, pegou meu aparelho celular e tirou uma foto da placa da viatura.  saímos do local em direção ao hotel, quando liguei para o 190, para pensar na próxima ação. fui indicado a procurar a corregedoria da polícia militar que iniciaria o atendimento às 13:00h deste mesmo dia.



o desenrolar e as dores
ao acordar, fui procurado pela parte da equipe que não sabia do ocorrido. contei pausadamente para não chocar meus companheiros. ligamos para a corregedoria da polícia militar de santa catarina e fomos indicados a procurar a tenente elisa, da corregedoria da pm de blumenau. lá relatei o fato e identificamos os ocupantes da viatura, que permaneceu no posto até por volta de 5:00h. fato elucidado através do monitoramento do gps da pm. a tenente, ao reconhecer os policias, teve uma expressão que traduzo: “é... realmente sei quem são”, como quem já conhece o histórico destas pessoas. apesar disso não revelou os nomes. fez uma solicitação para o exame de corpo delito para o dia seguinte, 14 de julho, às 11:00h. depois pediu sinceras desculpas e se mostrou realmente envergonhada com a situação.


voltei para o hotel mas as dores no corpo não me deixaram descansar. procurei um hospital particular onde, depois de vários exames, foi marcada uma consulta com o dr. carlos neconecy para o dia seguinte, 14 de julho, às 9:00h, em caráter de urgência.


retornei para o hotel onde nós, equipe da no ato cultural, começamos a traçar as ações que seriam realizadas no dia seguinte: 9:00h consulta urgente, 9:30h manifestação [saindo da porta do teatro carlos gomes até o iml], 11:00h exame de corpo delito e ampla divulgação do ocorrido, urgentemente.


no dia 14 fiz o exame que constatou um rompimento do tímpano [50%] mas não deu tempo de detectar a porcentagem de perda auditiva por causa do horário. fui direto para o iml. lá fiquei sabendo que a polícia militar não pode solicitar o corpo delito, somente a polícia civil. a pressão da chegada de dezenas de populares e da imprensa fez com que este protocolo fosse quebrado e o exame realizado.


o que me deixa dúvidas é: como um exame pode calcular o tempo, a profundidade e a gravidade dos golpes somente com a localização dos hematomas e fotos dos mesmos? porque meu ouvido não foi examinado? por que só houve uma cópia do relatório do médico do hospital particular? este procedimento é sempre realizado desta forma?


logo após cancelei meu retorno a belo horizonte e me dirigi à 1ª delegacia de polícia de blumenau [polícia civil] onde fui recebido pelo agente paulo lázaro correa. o atendimento no princípio foi o “tradicional”, infelizmente, do jeito frio que todo cidadão é recebido quando procura este amparo. a escuta só foi mais humana, como deve ser o atendimento a qualquer cidadão, quando simultâneamente uma matéria foi exibida no jornal local, às 12:30h, com depoimento meu e posicionamento do comandante da polícia militar de blumenau. por que as coisas tem que acontecer deste jeito? a tv foi mais forte que nós, ali, de corpo presente, explicitando todo o ocorrido.


o pedido do exame [já realizado] foi enviado via fax para o iml e o prazo legal para termos acesso ao resultado era de aproximadamente 15 dias. a polícia teria acesso ao exame após 3 dias. eu ainda não tive acesso ao exame e estes prazos não existiram para a polícia, que à noite, já divulgava na imprensa o resultado.


me dirigi ao ministério público de blumenau onde fui recebido, pela primeira vez, como qualquer cidadão deve ser atendido [com respeito, dignidade e escuta interessada] pelo promotor flávio duarte de souza. recebi instruções para os próximos passos.


voltando ao hotel, fui entrevistado por jornais, rádios e sites de todo o brasil. conversei com nilmário miranda e com o movimento da consciência negra de blumenau [veja a moção de repúdio e o ato que acontecerá em frente à prefeitura de blumenau].


retornei à belo horizonte na manhã da sexta-feira, 15 de julho. no mesmo dia houve apresentação do espetáculo “congresso internacional do medo”.




e agora?
as coisas estão caminhando. ainda em blumenau, conversei com muita gente. várias pessoas, chorando, pediram perdão pela ação dos policiais. muitas ficaram preocupadas com a imagem que eu levaria da cidade e com a repercussão do fato.


ok. será isto legítimo? será que a preocupação é esta?


isto acontece todo dia!  não só comigo, não só em blumenau! não dá pra disfarçar, fingir que não existe! POR FAVOR!


muita gente se condói, pede desculpas, se emociona. também estou machucado, não estou ouvindo direito, mas só sentir é POUCO. MUITO POUCO!


a notícia se espalhou, o facebook está cheio, o twitter pula como ele só! mas vamos agir. eu continuo agindo.


as comissões de direitos humanos [das três instâncias] estão me ajudando. o comandante geral da polícia de santa catarina vai acompanhar o caso pessoalmente, a furb está sendo exemplar, os meios de comunicação estão envolvidos, os órgãos judiciais já foram acionados, mas tenho umas perguntas:


- CIDADÃOS DE BEM NÃO PODEM ANDAR EM GRUPO DE MADRUGADA?


- É CORRETO POLICIAIS AGREDIREM UM CIDADÃO NEGRO POR NADA?


- É CORRETO POLICIAIS AGREDIREM QUALQUER CIDADÃO POR NADA?


- É COERENTE O COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR DE BLUMENAU DIZER AO VIVO NUM JORNAL TANTOS ABSURDOS SEM APURAR OS FATOS E JUSTIFICAR ERROS MEDÍOCRES DE SEUS SUBORDINADOS APENAS PARA PROTEGER A REPUTAÇÃO DA CORPORAÇÃO?


- É LEGÍTIMO O PORTAL TERRA SE RECUSAR A PUBLICAR O ACONTECIDO SÓ PORQUE EU NÃO QUIS ENVIAR FOTOS DOS HEMATOMAS? O QUE É MAIS IMPORTANTE NO ACONTECIDO SENHOR EDITOR?


- É LÚCIDO O COMANDANTE DA POLÍCIA MILITAR DE BLUMENAU, NO JORNAL NOTURNO, DIZER QUE OS POLICIAIS NÃO SERÃO AFASTADOS POR SE TRATAR DE UM CASO  QUE NÃO TEM TAMANHA GRAVIDADE, MESMO EM PODER DO EXAME DE CORPO DELITO?


- É NATURAL UMA CIDADE ACHAR QUE A VIDA É UMA FESTA DE FAMÍLIA E SE PREOCUPAR SOMENTE COM O VERNIZ QUE ESCONDE ALGUMAS TRAÇAS?




estas são as primeiras perguntas, outras virão à reboque. VÁRIAS. o processo está apenas começando. fico feliz por não ser somente um fato, uma coisa que aconteceu somente comigo. tudo isso despertou nos habitantes de blumenau um sentido de pertencimento e reivindicação de direitos. fatos como esse acontecem todos os dias e não podemos fingir que não é conosco, que não nos diz respeito.


apanhei. muito. MUITO.


fiquei o tempo todo DE PÉ, de peito aberto.


acredito que cada um pode (e deve) fazer mais, denunciar mais, gritar, ir para a rua, buscar o seu direito, exigir soluções do poder público, do judiciário, debater as leis, enfim, SER CIDADÃO.


permaneço de pé e caminhando para que o respeito prevaleça.






por todos.
família, irmãos, amigos, negros, ruivos, latino-americanos, argentinos, bolivianos, chilenos, japoneses, mulheres, alemães, gays, crianças...




“o mal do urubu é achar que o boi tá morto...”
entrevistas e matérias:

26 disseram

Nina Caetano disse...

ei, alê
suas perguntas são mais que válidas. me afeta muito o que aconteceu com você. em primeiro lugar, por ser com você: um conhecido e uma pessoa extremamente gentil. em segundo lugar, pelas perguntas que você está fazendo: por ser negro, por não ter feito nada, por estar exercendo seu direito de ir e vir.
mas realmente não sei o que fazer, o que podemos fazer. só queria que soubesse que pode contar comigo para fazer coro ao seu grito.

Letícia disse...

ei, alê
ei, nina
estou igual, afetada por ser o alê, afetada pelas mesmas perguntas e, também, afeta pela pergunta da nina: o que podemos fazer? como vamos nos organizar coletiva e amplamente para além dos nossos muros?
sei que a ideia de um boicote é uma tentativa angustiada, ainda que não direcionada diretamente aos responsáveis, por alguma ação/reação, talvez sem foco certo, mas, repito, o que podemos fazer?

também serei seu eco, conte comigo.

Leila Verçosa disse...

Compartilho de sua indignação, sua dor e protesto, De Sena!
Sua voz e força é ainda mais alta e poderosa, e ecoará nos sentidos desses seres humanos racistas e desprezíveis!
Conte comigo para qualquer coisa!
Um beijo no coração.

Francesco disse...

Grande Alexandre! Toda a classe artística de belo horizonte está indignada e se mobilizando! Esta luta é de todos nós! Abraço!

Gilvane Seibert disse...

Não sou advogado,mas sei o que é Danos Morais, o que é Atentado ao Pudor,Tentativa de Assassinato,Descriminação etc. esse caso está com tantos artigos que não sei enumerar, mas a ordem dos Advogados do Brasil, vão gostar de auxiliar nesse caso e tambem sei que nenhuma ação judicial vai sanar,amenizar, a dor não só dos ferimentos fisicos,outros mais doloridos, mas pelo menos uma ação de reparação pode ser implatada e o Munícipio o Estado, o País que tolera tais açôes, caro deve pagar para vitimas inocentes assim tratada, uma vergonha, uma produção marcada como dramática, e triste, que Deus fortaleça e te sustentabilise em toda a trajetória processual que com certeza serás um reconhecido pela justa e eleva indenização por todos os danos que sofreu, e meu conselho cobre caro, eleve ao quadrado todos os valores e exija grite cobre, bem alto e
claro e caro, para que sirva de exemplo

Anônimo disse...

Tu não é bem vindo em Blumenau! Achas que podes ficar até às quatro da manhã de uma terça feira fazendo bangunça na rua sem sofrer consequencias na nossa cidade?

Ai quando algo acontece é por que é preconceito. Será que tua atitude não fez por merecer? Existem testemunhas do prédio em frente ao posto que dizem que em nenhum momento os policiais te agrediram. no entanto vocês perturbaram o sono de gente trabalhadora.

Coletivo Ferpa disse...

Cobre bem alto e firme por esta falta de moralidade do poder público.

alexandre de sena disse...

caro anônimo,
se fosse digno de resposta, se identificaria.

aguardo sua sensatez para podermos conversar.

abraços.

julianavec disse...

Alexandre,

Não só me emocionei, me indignei, me senti igualmente ofendida, mas também sou das que agem e vão até o fim. Sou das que detestam injustiça e covardia. Sou das que não suportam essa violência gratuita e desenfreada. Sou branca feito leite. Mas de nada importa minha cor, nem a sua. Somos humanos. Não é uma cor que determina um caráter. Estamos juntos, na luta por respeito. Pelo mínimo que qualquer pessoa merece. Respeito.

blackdverdade disse...

Estranha coincidência aconteceu comigo há cinco anos atrás na av, Augusto de Lima em Belo Horizonte ao voltar da casa da minha ex-namorada. Ridicularizaram meu cabelo e me chamaram de negão. Quando disse que não gostei da brincadeira me bateram e apontaram a arma para minha cabeça.
Coincidentemente não estavam identificados também e o tratamento que me deram ao chegar no posto da polícia civil também foi de frieza (e sarcasmo).
E tem gente que ainda diz que se trata de coincidências.
Não gostaria de ter aprendido isto, mas aprendi que se trata de RACISMO...

Bárbara Bof disse...

Ao Anônimo... Falta caracter para assumir nossas posturas. Falta coragem em muitos para mostrar a cara. Seu comentário é tão pequeno que refleti se caberia uma resposta. Mas fico indignada com sua covardia. Imagino que desconheça os principios morais e a legislação de nosso país. Mas nós conhecemos. TODOS TEM DIREITO DE IR E VIR. Desejo-lhe amor, paz e que você tenha muita sorte na vida para que nunca nenhum dos seus (filhos, pais, amigos...) sofram com nenhum tipo de violência. Por isto desejo-lhe muito amor. O Alexandre tem cara, nome, muita coragem e muitos amigos e AMOR. Ele foi o único ferido fisicamente, mas internamente foram muitos os agredidos e queremos justiça.

João disse...

Só posso dizer que é quase inacreditável que ainda existam policiais agindo assim.

Deixo minha solidariedade, e o pedido de que você acione, na justiça, todos os responsáveis (direta e indiretamente). Só assim, um dia, esse país mudará essa cultura racista que muitos ainda tem.

Guanabara disse...

Por que esses PM's não foram presos por agressão?

Felipe Augusto disse...

"Esse, é o retrato de São Paulo/Aí negrada, mão na cabeça e encosta na parede/Esse, é o retrato de São Paulo/Tá vindo de onde, tá indo pra onde, hein?" - Pavilhão 9, "Retrato de São Paulo", álbum "Se Deus Vier, Quer Venha Armado".

Na música é assim, mas sabemos que esse é o RETRATO DO BRASIL.

Anônimo disse...

Então amigo, não entendo como racista a atitude dos policiais, não creio que foi essa a conotação usada por eles, pela forma como vc colocou...até pq o crime de racismo não é entendido dessa maneira..minha opinião claro.
Quanto as agressões, se realmente foi agredido, e isso, claro, será esclarecido, com certeza deves ir a luta pelos seus direitos. Com certeza faltou bom senso por parte dos policiais que lhe agrediram, mas reunir 60 pessoas num posto de combustível 3:30 da manhã, com certeza, gerou barulho e perturbação. Reconheça isso.

Isabelle da Morra Pacheco disse...

Alexandre, só posso dizer que me sinto muito envergonhada com tudo isso... Não tenho dimensão do que vc sentiu e deve estar sentindo... Mas creia, conte comigo no que precisar, seja em abaixo-assinado, seja repercurtindo essa sua experiência, que só envergonha o cidadão de bem. Muita força!

Simone disse...

Voces que DIZEM conhecer as leis, por acaso sabiam que eh proibido ingerir bebida alcoolica em postos de combustivel em Blumenau? Se para os blumenauenses eh proibido, nos sentiriamos injusticados por turistas terem permissao de o fazer!!! Sou moradora proxima do posto e me senti MUITO perturbada com o barulho que fizeram. Nem meu filho de 2 anos conseguia dormir!!!!! Eu assisti de camarote tudo o que aconteceu e os policiais em nenhum momento chegaram perto de nnguem no posto!!!! Enfim, justica seja feita.

Luis Carlos disse...

ora ora... Blumenau, que até um carnaval em outubro tem, acha agora que justifica agredir pessoas porque não estão dormindo as 3 da manhã? Isto realmente não pode ficar assim. Não só por este episódio, mas por todos que acontecem todo dia (como bem disse o comandante, isso é "rotina") e não só por estes PM's, mas por toda a corporação e todos os Blumenauenses que ainda defendem tais posturas em pleno século XXI. Tenho vergonha de ser Blumenauense diante do que vem acontecendo...

fabricia martins disse...

oi alê, é realmente deploravel isso que aconteceu com você e que infelizmente acontece com muita gente todo dia. li a mensagem dessa pessoa que nao se identificou e..., que tristesa!pensar que o brasil ta crescendo tanto mas com tanta metalidade mediocre da dor no coraçao. espero que suas dores ja tenham passado e que seu ouvido esteja melhor! bravo por ter ficado e ainda estar de pé! e obrigado por tomar todas as iniciativas que você tomou, é de boba no trambone que a gente precisa!
saudaçoes,
fabricia

Cris disse...

COmo catarinense digo que estou muito, mas muito constrangido mesmo com o que aconteceu contigo. O que posso dizer para vc (sei que isso não vai ajudar em nada, mas...) é que isso que aconteceu não representa a maioria da nossa polícia militar. Mas infelizmente isso manifesta um amplo pensando em nosso estado contrário as pessoas negra e que continuam se difundindo apesar de todo o trabalho contrário. SC é um estado MUITO racista, até pouco tempo era comum ouvir falar de cidades que não aceitavam negros como moradores. E esse racismo (e xenofobia tb, que cresce como nunca) adquire "ares" politizados, quem assume racismo em nosso estado, perante aos amigos e conhecidos" é visto como pessoa politizada, bacana e outros adjetivos mal aplicados. É muito triste isso, mas é a nossa realidade, espero sinceramente q isso mude. Espero que sua história seja suficientemente divulgada para enfim, começarmos a discutir o racismo em SC de forma séria.

abraço e força,
Cristian

Julia Branco disse...

Nada justifica uma agressão, nem mesmo isso que você aponta, cara Simone. Isso que aconteceu é muito grave e tem que ser levado à frente. Nenhum policial tem direito de agredir outra pessoa, mesmo que houvesse muito barulho ou algazarra no local. Para isso existe a conversa e formas delicadas de abordagem. Para isso existe a polícia (acredito) para assegurar o direito dos cidadãos e colaborar para uma sociedade mais humana, mais justa.

Seguimos na luta!

Julia Branco.

Simone disse...

Desculpem-me mas, como já mencionei anteriormente eu vi tudo e os policiais não agrediram ninguém. Se agrediram, cadê as provas? Palavras não são provas.
Vocês acham que tendo tantas pessoas assim neste local, dentre 60 pessoas ninguém tinha celular com câmera que pudesse comprovar o ato? Duvido! Até eu que não sou tão informatizada carrego sempre na bolsa 2 celulares com câmera. Absurdo!
E mais uma coisa: quase todos são atores... e o que mesmo que os "atores" fazem?
Antes do ocorrido nunca tinha visto o teatro tão cheio. Os minutinhos se fama se prolongaram hein? Bela estratégia de divulgação.
Boa sorte!

Marise disse...

Ô Simone... se vc soubesse o tamanho da infelicidade do seu comentário... A justiça será feita sim porque muitos estão empenhados nesse sentido. Assim espero e desejo que, daqui algum tempo, seu filho possa contar com orgulho que em Blumenau a polícia é proibida de agredir pessoas no meio da rua!

Simone disse...

Tá, mas eu quero saber se vocês tem provas... só isso! Tem? Porque se não tem, a injustiça é com os policiais, não?
E outra coisa: a polícia é proibida de agredir pessoas em qualquer lugar. Aqui não é diferente. Inclusive, já precisei da polícia e eles me atenderam prontamente. Você estava no local, Marise, e viu o que aconteceu, por acaso? Gravou?
Acho engraçada a repercussão sobre esse assunto sem terem nem ao menos 1 prova... Pensem bem se não é injustiça o que vocês estão fazendo com os policiais que estavam simplesmente fazendo seu trabalho, agindo conforme a lei, proibindo pessoas de ingerirem bebidas alcoólicas no posto de combustíveis. Esta é a lei local, poxa! Se nós precisamos cumprir, vocês também precisam! E se duvidam qwue esta lei existe, perguntem a qualquer blumenauense que bebia antes em posto, pra ver se ainda pode continuar fazendo isso! Leis são leis, ok?

alexandre de sena disse...

prezada simone, tudo bem?
voltando aos seus 3 comentários resolvi responder.

no primeiro você disse que nós conhecemos as leis. li tudo novamente e não vi nenhuma afirmação com este amplo teor. se é proíbida a venda de bebidas alcoólicas em postos de conveniência em blumenau, esta lei deveria estar afixada no estabelescimento e os funcionários treinados para não atender. não acredito que eles foram forçados a vender. em nenhum momento fui comprar bebida e, como já mencionei no texto, haviam pessoas no posto que são moradores da cidade. onde será que está o equívoco?
como não sou iniciado em direito, o ministério público, a polícia civil, a polícia militar e as três instâncias das comissões de direitos humanos foram acionadas. acredito que eles têm conhecimento aprofundado de direito e a prática de julgamentos jurídicos mais eficazes que o meu e o seu. concorda?
se você assistiu a tudo, se apresente à polícia. com certeza seu depoimento será de grande valia para a defesa dos policiais.

no segundo, li a palavra atores [entre aspas] com um grau de ironia. como não sei se este era o seu objetivo decidi não me pronunciar. em nenhum momento fui irônico no texto que escrevi. considerei desrespeitoso...

no terceiro você pergunta se tenho provas. acredito que, se houve uma denúncia, a justiça se encarregará de investigar. fui procurado, encaminhei testemunhas e o exame de corpo delito já está em poder da corregedoria da polícia. ah! também existem consequências. tenho um relatório e exames médicos que detectam o tímpano direito perfurado. para ser mais preciso, 60% de dano. como meus ofícios são claros em todo material divulgado na imprensa, acredito que ninguém em sã consciência poderia me julgar de auto-flagelo, já que minha sustentabilidade vem destes lugares. mas se isso acontecer, me disponho a um exame psicológico.

novamente voltando ao texto que redigi [acredito que você tenha lido], em minha cidade trabalho, entre outras coisas, com movimentos populares buscando a ocupação humanizada da cidade e faço parte de uma família com vários militares. não gostaria de expor algumas coisas, mas senti necessidade lendo seus comentários: meu pai é oficial da polícia e estudei em colégio militar da primeira série até ingressar na faculdade. acredito e respeito esta instituição que, além de tudo, formou a pessoa que sou hoje.

no primeiro comentário você termina com: "enfim, justica seja feita."
no segundo você termina com: "boa sorte!"
no terceiro: "leis são leis, ok?"

estou optando por encerrar o meu da seguinte forma:

simone, muito obrigado pela sua contribuição neste debate. foi a segunda vez que estive em blumenau e sei que outras mais virão. tenho um trabalho muito grande para realizar aí junto com pessoas muito especiais que me receberam de forma exemplar! sobre o acontecido no dia 13 de julho, não me deseje sorte... leis são leis e a justiça já começa a ser feita. fui criado por meus pais com muita força e serenidade para transformar obstáculos pessoais em lutas para um mundo melhor. mundo não só meu ou seu... de quem mora em apartamentos, casas, vilas, favelas e até mesmo na rua. e o que me deixa mais feliz é que, o que parece divulgação para alguns, é um grito de basta. e para a tristeza de alguns, continua ecoando pelo brasil afora!

felicidades!

Rodrigo disse...

Minha vontade de comentar a indignação pelos comentáros infelizes, ainda no séc. XXI, foi calada pela serenidade das sábias palavras de Alexande, que deixam claro como todas as questões relacionadas serão tratadas.

Paz e Amor! (é clichê? não pode...)

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