apartou
achava que era qualquer coisa
pensou que era o máximo
danou-se numa esquina
caiu de uma pinguela
sem pensar emitiu palavras vesgas
sem ouvir deduziu vitória
sem parar o cérebro fechou
ziguezagueou numa construção verbal
sem foco, bobeou
danados achando panos quentes
fissuras com remendos de trident
o fel que não escorre a alma colhe
danados sem notícias das montanhas
domingo atolado em arrobas
o tímpano que rolhou-se
a língua desfiou-se
apartou o bom fazer
apertou o calo de sangue
isolou o ouvido
vive só bang-bang
vomito palavras cegas
meu ouvido não ousa aceitar
ouço os passos de uma cadeira sem merecimento
"inhapo"
vô ilídio dizia
eu digo:
"é mole?"
não aperto
não aparto
sente-se
fique à vontade
em dezembro de 2006
se quizer dizer, diga...