e foi

sem granero,
com as bagaça debaixo do braço,
me levanto pra outra casa.
tijolos em prumo ao longo das próximas madrugadas.
o que foi vivido de 2007 até aqui, aqui, permanece.
lá, vai/vou caminhando.



noite na rua tamóios

para provocar terremotos

o menino quebrou o vidro do carro
saiu correndo de medo
parou e percebeu
ainda faltava dançar
bailou descalço sobre os cacos

nunca mais correu

foi uma morena que passou perto de mim


transformação

colapsos são desmoronamentos
colapsos causam medo

em sp

aff

             na copa
                  quem não tem
                  casa
             se estrepa

verso da porta


tolerância

tolerar não é aceitar, é resistir e durar. por exemplo, para medir a capacidade de uma carga, é preciso saber o grau de tolerância do material a ser transportado. ou melhor, para aceitar é preciso durar com a coisa dentro de si e ver quanto somos capazes, por um longo tempo, de resistir a ela. só assim a aceitação valerá e será tolerância. antes disso é fingimento.

genocídio

estava pesquisando umas imagens e me deparei com um ensaio fotográfico de pieter hugo sobre o genocídio em rwanda, 2004. mexe forte.

gira


doutor josé: nágoras falou que a vida nos prega surpresas.
tradutora/ dr josé: nágoras disse que a vida é uma grande epifania com pausas gigantescas.
reluma fala. tradutora está prestes a morrer.
tradutora/reluma: hiócoles disse que o medo é a véspera da coragem.
tusgavo: fartre esbrikió que mel tesekro de ka lovuntad de devir tesmá ne nu ehuvo. moco sonotros.
tradutora/tusgavo: fartre escreveu que o segredo da vontade de viver está dentro de um ovo. bem como nós.
trumak: putdjawa me disse um dia que a felicidade mora no olho e uma onça. e que a gente, pra ser feliz tem que olhar no olho dela.
trecho do congresso internacional do medo - grace passô

av. oiapoque

das voltas pelo centro

não te conheço
mas conheço
a forma como ecoas
no meu coração.

na direção do ar

foto do gu

de sol


minha liberdade começa no mar e vai até o sol
de sal e sol eu sou
minha liberdade começa no mar e vai até o sol
de sal e sol eu sou

patuá, figa trás sorte,
o amuleto é quem manda
segure avante com minha demanda
de corpo fechado, que nem cadeado
o escudo blindado e abençoado
calçada na fé e na esperança
meu voo vai bem mais longe até onde meu impulso alcança
mesmo sabendo bem há quantas esse mundo sangra
às vezes anda e às vezes desanda

minha liberdade começa no mar e vai até o sol
de sal e sol eu sou
minha liberdade começa no mar e vai até o sol
de sal e sol eu sou

patuá, figa trás sorte,
o amuleto é quem manda
segure avante com minha demanda
de corpo fechado, que nem cadeado
o escudo blindado e abençoado
calçada na fé e na esperança
meu voo vai bem mais longe até onde meu impulso alcança
mesmo sabendo bem há quantas esse mundo sangra
às vezes anda e às vezes desanda

minha liberdade começa no mar e vai até o sol
de sal e sol eu sou
minha liberdade começa no mar e vai até o sol
de sal e sol eu sou

olho no olho


abre. alarga. aumenta. estica. escancara. dilata. 
caminhos. fronteiras. visões. conteúdos. estados. experiências.
outra coisa. de outro modo. para outro lado. 
não se sabe bem para quê.

trabalhos carnívoros


a passagem é insolita,os trabalhos são carnívoros
o poema é erótico, o momento é histórico
para o bem da nossa espécie
o terreno treme forte para os mal acostumados
o costume anuncia e a pele se regenera
para o bem da nossa espécie

liso, tosco, um bicho solto
se for inciso se arrasta e vira um santo.
pérolinda de gui amabis

do entulho


errar

uma extensão do chrome instalada para apagar conversas antigas no fb.
sem querer várias outras foram apagadas.
foram-se filmes, links, livros, trabalhos, fotos, registros, afetos, histórias...
uma pausa.
foi bom não sentir falta do que se foi. do recente. do que está sendo.
agora, subir o morro para chegar em casa.
lembranças reativadas só na memória.




árvore

uno piensa que los días de un árbol son todos iguales. sobre todo si es un árbol viejo. no. un día de un viejo árbol es un día del mundo.
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