trinta e três
ainda não sei bem qual a distância que os pés devem percorrer para obter o máximo prazer neste mundo. nem sei bem quais as palavras que abrem portas e fechaduras. ainda não sei bem o tamanho do amor, muito menos o que significa a imensidão dos mais pequenos sentimentos. no fundo, foram apenas trinta e três anos. dois passos de criança, um sorriso sincero, uma mão à procura de um lugar onde me amparar.
quase fim do mundo
Meu errante não fazer nada vive e se solta pela variedade da noite.
A noite é uma festa longa e solitária.
Em meu coração secreto eu me justifico e celebro: Testemunhei o mundo; confessei a estranheza do mundo.
Cantei o eterno: a clara lua volvedora e as faces que o amor enseja.
Cantei o eterno: a clara lua volvedora e as faces que o amor enseja.
Comemorei com versos a cidade que me cerca e os arrabaldes que se apartam.
Disse assombro onde outros dizem apenas hábito.
Diante da canção dos tíbios, acendi minha voz em poentes.
Exaltei e cantei os antepassados de meu sangue e os antepassados de meus sonhos.
Exaltei e cantei os antepassados de meu sangue e os antepassados de meus sonhos.
Fui e sou.
Travei com palavras firmes roeu sentimento que pode ter se dissipado em ternura.
A lembrança de uma antiga vileza volta a meu coração. Como o cavalo morto que a maré inflige à praia, volta a meu coração.
Ainda estão a meu lado, no entanto, as ruas e a lua.
A água continua sendo doce em minha boca e as estrofes não me negam sua graça.
Sinto o pavor da beleza; quem se atreverá a condenar-me se esta grande lua de minha solidão me perdoa?
insone, na folia, com jorge luis borges
copião
olhou pro azul
os animais brincavam naquele fundo
uma infinidade de reticências
resoluto
tudo que tenho trago comigo
os animais brincavam naquele fundo
uma infinidade de reticências
resoluto
tudo que tenho trago comigo