a noite

"às vezes observamos pessoas que observam um rio que nós não vemos. rio que por sua vez reflete uma parte da paisagem impossível de ver desde outra posição. e descobrimos o rio na atenção destes rostos, a paisagem em seu ensimesmamento."
"la noche devora a sus hijos" de daniel veronese

o céu sobre os ombros

galope rasante

a sombra que me move
também me ilumina
me leve nos cabelos
me lave na piscina
em cada ponto claro
cometa que cai no mar
em cada cor diferente
que tente me clarear

é noite que vai chegar
é claro, é de manhã
é moça e anciã

o pêlo do cavalo
o vento pela crina
o hábito no olho
veneno lamparina
debaixo de sete quedas
querendo me levantar
debaixo de teu cabelo
a fonte de se banhar

é ouro que vai pingar
na prata do camelô
é noite do meu amor

é noite que vai chegar
é claro que é de manhã
é moça e anciã
do zé ramalho. aqui com a mariana aydar.

social clube

no festival de performance de belo horizonte [12 de agosto de 2011]

pedreiro

no corredor
ao fundo
as mãos que ergueram a parede
esmurram no piano
analgésica canção serena
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