“internar-se numa realidade – ou em um modo possível de uma realidade – e sentir como aquilo que à primeira vista parecia o absurdo mais desaforado, chega a valer, a articular-se com outras formas absurdas ou não, até que da matéria divergente (com relação ao desenho estereotipado de cada dia) surge e se define um desenho coerente que só por comparação temerosa com aquele, parecerá insensato, ou delirante, ou incompreensível.”
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“as coisas em bruto: condutas, resultantes, rupturas, catástrofes, ironias. ali, onde deveria haver uma despedida há um desenho na parede; em vez de um grito, uma vara de pescar; uma morte se resolve com um trio para bandolins. e isso é despedida, grito e morte mas quem está disposto a deslocar-se? a desaforar-se? a descentralizar-se? a descobrir-se?”
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“pelo que me toca, me pergunto se alguma vez conseguirei fazer sentir que o verdadeiro e único personagem que me interessa é o leitor, na medida em que algo do que escrevo deveria contribuir para mudá-lo, deslocá-lo, estranhá-lo, transtorná-lo.”